Em
uma época de crises e agitações, em que a maioria dos jornais do
Brasil eram divididos, basicamente, em dois pólos: aqueles que
queriam a permanência do poder centralizado no Brasil por Portugal e
aqueles que lutavam pela independência do Brasil e liberdade de
imprensa, era comum jornalistas terem sucesso nas suas publicações
por serem ousados e dizerem o que pensam. Esse tipo de atitude era
comum aos jornalistas com idéias liberais. Mas, diante do contexto
da época (1822), se o assunto é ousadia, o jornal “Diário do Rio
de Janeiro” inovou no que diz respeito ao seu conteúdo e forma de
se comunicar. O seu fundador e editor, Zeferino Vito de Melo,
conseguiu do governo uma licença para abrir uma tipografia própria
para impressão: a Tipografia do Diário. Mesmo omisso à política,
o Diário do Rio de Janeiro foi o primeiro jornal informativo do
Brasil, se abstendo a divulgar informações baseado nos princípios
da neutralidade, não se indispondo com nenhum dos dois pólos
citados anteriormente. Outro fator de inovação foi o fato de o
jornal interagir com seus leitores deixando caixas espalhadas pelos
principais pontos da cidade para que os leitores deixassem seu
parecer sobre o que queriam ver publicado. As caixas eram recolhidas
às 16 horas e o jornal circulava às 21 horas.
Diante
dos fatos expostos acima, percebe-se a aproximação do processo de
produção do jornal da época à Teoria da Ação Pessoal ou
Gatekeeper, baseada nas rotinas produtivas e na edição mediada pelo
jornalista, que decide o que será noticiado e o que será
descartado. Assim era o Diário do Rio de Janeiro: priorizava
informações de prestações de serviços à população, como os
preços dos produtos nos supermercados, informações meteorológicas
e movimentos das marés, espetáculos, comércio de escravos, entre
outros. O jornal prezava pela informação útil e imparcial. Não
publicava notícias com cunho político e social, nem críticas sobre
acontecimentos da época. Os valores éticos do jornal assimilavam-se
aos valores de Aristóteles na ética grega antiga, baseado na
hierarquia de bens, tendo a objetividade, neutralidade e informações
de utilidade pública no topo dessa hierarquia.
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